Identificação de bens imóveis:
- Denominação: Fazenda Três Poços
- Localização: Av. Paulo Erlei Alves Arantes, n. 1325, Pinheiral.
- Época da construção: 1840
- Proprietário: Fundação Oswaldo Aranha.
- Uso atual/original: Campus Universitário / Fazenda de Café
- Autor do Projeto: Desconhecido
Histórico:
Considerada um dosprincipais ícones do período do “Ciclo do Café” nas terras de Volta Redonda, a fazenda Três Poços, sem dúvida a mais importante das propriedades cafeeiras locais e uma das mais significativas da Província Fluminense.
As terras que deram origem à fazenda Três Poços tiveram como primeiro proprietário Mateus Pereira de Araujo e Oliveira, que as adquiriu em 1784. Por volta de 1834 foi doada por José Gonçalves de Moraes ao seu genro comendador Lucas Antônio Monteiro de Barros, para se casar com sua filha Cecília Gonçalves de Moraes.
Com o casal a fazenda em 1860, vivenciou sua época mais próspera, atingindo a produção de 22mil arrobas e 330 toneladas de café em grão. Sua casa-sede foi construída na década de 1840 e corre por suas terras o rio Três Poços.
Com a morte do comendador, em 1864, a viúva d. Cecília de Moraes Monteiro de Barros, sobreviveu ao marido 56 anos,assumiu a propriedade e deu a ela grande impulso.
A partir de1871 a fazenda era servida de transporte ferroviário, e o escoamento do café se dava através da Estação Tres Poços, bem em frente acasa-sede.
Em 1908, D. Cecília, muito religiosa e vendo que não poderia continuar à frente dos negócios por muito tempo, saiu em busca de legatários para sua fazenda.
As informações sobre os “Monges Trapistas de Tremembé”, seus feitos em atividades de evangelização e pastoral, bem como adventos de técnicas avançadas em agricultura, tornaram os monges a melhor opção para a herança da fazenda. O que fez D. Cecília sem nem mesmo consultá-los. Na época de sua morte 1918, 10 anos depois de ter registrado seu codicilo, osMonges Trapistas já tinham se decidido a fechar todas as unidades, pois perceberam a tendência de ser levado a extinção de seu mosteiro e a saída deles do Brasil, como de fato ocorreu.
Pelo lado de D. Cecília, embora seus testamentos e codicilos estivessem devidamente legalizados em cartório, depois do falecimento da proprietária, os Trapistas assumiram a propriedade e optaram pelo arrendamento, a entidade escolhida foram os Monges Beneditinos, a mais antiga ordem religiosa católica de clausura monástica.
O contrato de arrendamento, não estabelecia claramente como a fazenda poderia (ou deveria) ser usada pelo locatário; entretanto, este tentou ajustar o uso da propriedade aos desejos de D. Cecília pois criou em 1922, um Orfanato Agrícola. Um recorte de jornal de 1923 dá notícia à comunidadedo Rio de Janeiro da criação do empreendimento – Orfanato São Bento – situado na Fazenda, em Barra Mansa, onde seria provido aos internos do sexo masculino, educação primária, instruções práticas e técnicas agrícolas, e outros ofícios. A par disso, seria cuidado o lado moral e espiritual dos internos. Exatamente como determinara a matriarca da família.
Há de se notar que a Fazenda Três Poços, base da fortuna acumulada de D. Cecília de Moraes Monteiro de Barros, sempre apresentou bons resultados durante sua gestão, como atestam seu inventário.
Mesmo assim esse conjunto de bens, para continuar rendendo lucros, teria que ser administrado por pessoas com conhecimentos técnicos e da atividade rural, da lida com empregados e do mercado consumidor, aspectos esses que, tudo indica, não condizia mais com o trabalho dos Beneditino, por volta de 1929 tendo suas atividades encerradas. Através de uma carta do legatário – que modificava o contrato que estabelecia o uso beneficente- estava dado o respaldo para “fechar” o orfanato e, ato contínuo e conseqüente, a fazenda poderia passar a ter qualquer uso, inclusive como um negócio.
Enquanto as entidades religiosas antes mencionadas ocupavam Três Poços, tinha início em Volta Redonda, já emancipada de Barra Mansa em 17 de julhode 1954, um movimento com vistas à criação da Universidade de Volta Redonda (uma das idéias na época, seria criar uma universidade regional, a ser mantida por uma fundação, com verbas do município, que viria a ser a Fundação Oswaldo Aranha, constituída em 18/10/1967).
Proteção Legal:
A Prefeitura Municipal de Volta Redonda, através do decreto N. 243 de 18/10/1967, considera de Utilidade Pública, para fins de Desapropriação, o imóvel rural denominado Fazenda Três Poços, de propriedade da Associação Brasileira dos Trapistas de Tremembé, no seu artigo 20, determina que a desapropriação destinava-se a instalação da FOA e à expansão do município.
Decreto municipal nº 2.117, de 23 de dezembro de 1985. Preservação de suas características arquitetônicas originais. Livro de Tombo Histórico – Registro: n°003.